sábado, 15 de novembro de 2008

Envelheço na cidade



A festa até que não foi ruim.
Mas sei que não não pode ser chamada de boa.
Poucos dos convidados estavam pela amizade.
Sei que muitos vieram pela consideração.
Uma consideração em que às vezes vejo pena.
A festa foi morna: copia a vida.

Deus, Destino ou Acaso: não me faça morrer agora.
Não agora em que começo a viver de verdade...
Não agora, meu último e único ano de adolescência.
Sei que não passo fome, nem frio, nem sede.
Que os outros conhecem a dor muito melhor que eu.
Mas eu só não sabia que seria tão difícil.
Não quero um poema pessimista: não é como me sinto.
Estou otimista, sedento de mudanças.
Só me dá medo as coisas continuarem,
Com os velhos problemas sendo resolvidos apenas
Na idade avançada, e quando eu ver finalmente
A felicidade bater em minha portas,
A face da morte me visitar no mesmo instante.
Uma vida vazia?
Eu só não sei se sei
Mudar isso.
Foto: Boatride - Allan Davey